Foi
como um soco no estômago. Ao término do capítulo em que seus professores
queimam seu cavalinho de pau por terem encontrado piolhos na "crina"
do seu Charlie eu me perguntei: Por que nós professores somos tão perversos?
Por que nos é tão difícil lidar com as diferenças? Por que insistimos em
esperar dos estudantes os mesmos comportamentos? A narrativa é ambientada numa
cidade da Dinamarca e por isso, a universalidade dos comportamentos dos
professores foi o que mais me impactou , bem como a constatação de que no caso
de Buster - e de quantos mais ?-, os que praticam bullying contra ele não são
seus colegas de escola. São justamente os que deveriam prepará-lo para a vida.
Fazia
tempo que um infantojuvenil não mexia tanto comigo. Lê-lo foi uma experiência que
foi adquirindo várias tonalidades, isso no decorrer de uma manhã, que foi o
tempo que levei para me apropriar da sua história. As palavras apropriar e
história com h foram propositais: valer-me da palavra devorar seria um ato de
violência contra essa narrativa tão sensível, muito próxima de O pequeno
príncipe e O aprendizado de Pequena
Árvore. História porque Buster é muito real, há uma porção dele em cada
uma das escolas que pululam no planeta...
Buster
é um menino muito diferente, ele sente, vê e interage com a realidade de um
jeito muito seu, muito diverso de todos os demais que o rodeiam e daí surgem os
problemas. Não quero dissecar o livro porque compactuo com o autor de Os livros
e os dias: isso de ir contando todo o livro estraga a surpresa. Deixo que cada
leitor descubra a sua história ao ler este livro.
Aconselho-o
a todo professor. Eu não dava muito por ele, acreditei que seria apenas mais um
livro para os jovens e só o elenquei como meta de leitura porque algumas crianças da
escola em que leciono o receberam no ano passado - Programa Minha BIblioteca- e
eu queria saber o que andam lendo. Foi uma grata surpresa. Se eu fosse
coordenadora de escola eu faria com que fosse lido nas reuniões coletivas. Como
não sou fica a dica. Imprescindível. Um livro assim eu gostaria de ter escrito.
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