domingo, 3 de junho de 2012

O ensino da leitura e da escrita de textos jornalísticos


Como ensinar aos estudantes do ensino fundamental e Médio a escrever textos informativos?Uma boa estratégia é familiarizá-los com esse gênero textual, presente em jornais e revistas e familiarizar significa lê-los e reescrevê-los. Para quê? Pode não parecer, mas a leitura e a escrita de textos desse gênero preparam os estudantes para a pesquisa.
Os educadores costumam separar os estudantes em duas categorias: aqueles potencialmente destinados à carreira acadêmica e aqueles que precisam entrar no mercado de trabalho o quanto antes, seja por não se destacarem nos estudos, seja por questões econômicas.
O que passa despercebido aos educadores que assim classificam seus estudantes é que a pesquisa é  praticada cotidianamente. Pesquisamos quando vamos às compras (preço, qualidade, descontos). Pesquisamos quando procuramos emprego, quando escolhemos o que pedir no restaurante, para onde ir nas férias, como reequilibrar um orçamento que está no vermelho, com quem e quando ficar, namorar, casar... A pesquisa é um fazer profundamente humano e quanto maior nossa habilidade em realizá-la, maior sucesso teremos, não importando o caminho profissional  escolhido, pois quem sabe prever passos vive melhor, porque capaz de respeitar um orçamento, planejar para ter filhos, comprar uma casa, planejar a aposentadoria.
Nesse aspecto e tendo em foco as demandas dos novos tempos, é urgente ir desenvolvendo nos ensinantes as competências inerentes à pesquisa. E quais seriam elas? E em que medida podem ser detectadas nos textos jornalísticos?
Os profissionais que elaboram esses textos partem sempre de uma pergunta sobre um determinado tema, frequentemente digno de atenção, de relevância social. Não é este o mesmo procedimento de um pesquisador? Para respondê-la saem a campo, colhendo informações. Leem livros, artigos, visitam o local onde ocorreu o fato sobre o qual escreverão, entrevistam testemunhas, vítimas, investigadores, especialistas... E anotam, gravam, fotografam. Feita a coleta das informações passam a compará-las no que se assemelham e no que diferem, distinguem qual informação merece ser aprofundada, descartada, reformulada.
O texto final, elaborado pelo jornalista é sempre escrito com base no que ele descobriu sobre o assunto pesquisado. A diferença deste texto para o acadêmico, que é discursivo (ou seja defende uma ideia) é que aquele não demanda a mesma quantidade de  tempo e de recursos que este, já que têm finalidades diversas. O texto jornalístico informa, o texto argumentativo defende uma ideia, e no caso da monografia, dissertação ou tese, produz conhecimento novo. Mas é inegável o fato de que compartilham o mesmo percurso inicial (o da coleta de informações) e as etapas da feitura do texto.
Fazer saber aos ensinantes desta etapa da confecção do texto jornalístico, auxiliá-los na identificação de sua estrutura( título, primeiro parágrafo com informações gerais em torno do esquema o que, quem, onde, como, porque, quando e seu desenvolvimento nos parágrafos seguintes, sendo o último reservado à conclusão do texto) tem uma relevância ímpar no ensino da linguagem e suas tecnologias porque rica em conteúdos: além dos já citados, ambienta-os na leitura e confecção de textos em terceira pessoa, aproxima-os dos acontecimentos mais globais, referentes ao Brasil e ao Mundo: comportamento, economia, conflitos, tecnologia, cultura.
Um aspecto a ser destacado é como despertar o interesse das turmas para esses conteúdos. Um caminho possível é ir mapeando com eles, em conversas iniciais, quais os planos para o futuro, qual o papel da leitura, da escrita e da pesquisa na concretização desses planos, bem como quais fatos ou temas têm maior atratativo entre eles. Com essa informações em mãos é possível ir selecionando o que ler com eles, bem como quais relações entre os assuntos dos temas escolhidos e os que chamam a atenção deles. 

Este é um trabalho árduo, que exige, escuta ativa, pesquisa, planejamento e trabalho coletivo. E uma vez que a maioria das crianças e jovens em idade escolar estão nas mãos de professores que trabalham em jornadas de 40, 60 horas semanais em sala de aula, com pouco tempo para ler, refletir e planejar estratégias, é pouco provável que realizem um trabalho permanente junto  aos educandos tendo como foco o texto jornalístico. O que é uma pena. Uma lei federal recém-criada, que prevê, além do piso nacional, a destinação de um tempo fixo da jornada do trabalho do professor destinado ao preparo das aulas e ao estudo pode em muito ser benéfico, mas só se de fato esse tempo for utilizado de forma ética e responsável. Se não, a educação brasileira continuará na mesma, o que é inviável nesse tempo de ascensão dos países emergentes, dentre eles o Brasil. 

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