domingo, 3 de junho de 2012

sobre O príncipe das trevas, de Jean Plaidy


Este, que é o quarto volume da saga histórica escrita por Jean Plaidy, que retrata a trajetória da dinastia Plantageneta, uma das mais poderosas que governou a Inglaterra do século XII ao XV, que antecedeu os Tudors, apresenta-nos o Príncipe das trevas, assim nomeado o príncipe João pelo povo inglês, o irmão mais novo de Ricardo Coração de Leão, também contemplado com um volume da série.
Para quem não se lembra, o João aqui contemplado é aquele rei que quebra a palavra empenhada na última versão de Robin Hood, de Ridley Scott, estrelado por Russell Crowe, Cate Blanchett e outros.
Pela linhagem João jamais seria rei, já que tinha irmãos mais velhos. O primogênito dos irmãos tinha um filho homem e Ricardo, o segundo mais velho era o mais talhado para governar o país, muito parecido com o pai. Mas o mais velho morreu e Ricardo foi lutar em terras estrangeiras durante as cruzadas (o que significou aumento de impostos). Ricardo foi capturado e ficou um bom tempo aguardando ser resgatado por meio do pagamento de um resgate (mais impostos). Quando libertado e a caminho de casa, morreu em solo francês. E foi assim que João conseguiu a coroa. Claro, havia o sobrinho, mas ele era ainda jovem e de sangue francês e a França estava em vias de atacar a Inglaterra. Os barões não queriam um senhor francês, por isso não se opuseram com a subida de João ao trono.
Para quem gosta de narrativas recheadas de tramas, mentiras, traição, sexo e morte, esta é uma leitura imperdível, com a diferença de que é tudo verdade... João foi um tirano capaz do que de mais terrível: para não perder a coroa tramou e levou a cabo a morte do sobrinho em pleno solo da França. Para garantir o apoio dos barões sequestrou seus filhos e os manteve em seu castelo. A senhora que recusou entregar os filhos morreu de fome, acorrentada a um deles numa cela fria de uma masmorra. João tinha atração por meninas e chegou a se casar com uma de 12 anos. A uma outra menina, filha de um poderoso barão, ele raptou. Com a recusa dela em se deitar com ele, ordenou que a envenenassem e a entregou morta à família. Os pais dela se tornaram os seus mais ferrenhos adversários. Houve vez em que, em visita a um de seus barões, avisou-o durante o jantar que passaria a noite com a esposa dele. Esta, ao ser comunicada pelo marido, teve um plano: embebedaram-no, banharam, perfumaram e vestiram uma prostituta e o puseram numa cama com ela, que de tão bêbado não notou a diferença...
João tinha ataques de ira se contrariado, rolava no chão, urrava. Com o Papa e a Igreja, para quem não queria se submeter, teve vários conflitos.
O certo é que os abusos do rei fizeram com que os barões se unissem em torno de uma carta de direitos, assinada pelo pai de João e seus barões, carta essa esquecida (e escondida, já que nela o rei-pai concordava em atender reivindicações dos nobres). Sendo assim, nossa história está intimamente ligada à da Inglaterra, pois a constituição que nos rege e suas antecessoras são frutos das primeiras constituições inglesas, que por sua vez nasceram das insurgências da nobreza inglesa, já farta dos excessos dos reis.
Boa leitura, que confere entretenimento, mas também conhecimento. É pena que a editora não divulgue essa série, bem escrita e instrutiva.

Da editora Bestbolso

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