Oito de abril de 2012
Escrever é desenhar pensamentos no papel, mas com palavras,
as imagens brotam no céu da mente! Eu considero os poemas de Florbela Espanca
de uma tristeza atroz. Quanta dor, quanta solidão, quanta saudade! Deve ser porque as dores dela evocam as
minhas. Ela mesma escreveu:
Não sei que têm meus
versos,
Alegres quero
fazê-los, mas ficam-me sempre tristes
Como a cor dos teus
cabelos.
Li seus poemas na noite do dia em que aquela
garota de voz maravilhosa, subjugada pelas drogas morreu. Ambas sensíveis à aridez da
vida que não souberam escrever. Mas quem o sabe? Quanto a mim, se não fossem a
oração, os livros, o trabalho e as crianças já teria sucumbido. Pela loucura ou
pela morte prematura. Thank you, Lord, for this life, que ainda pulsa em mim.
For you, darling
Fica triste não, Florbela
Vem, pega minha mão
Eu também não tive
filhos,
Eu também perdi
irmão!
Os que amei foram-se
Escoaram de minhas
mãos
Meu corpo recebeu o
toque
De quem não amei
(ou amei pouco)
...
Então, poeta ferida
Se te vale de
conforto
Não és a única a
receber da vida tantos espinhos
(em que vida e de que
modo os semeamos?)
E apesar de tudo,
Não cante a morte.
Apega-te à vida,
É o que me digo
A cada noite, a cada
notícia triste,
A cada suspiro de saudade.
Se te vale um
conselho,
Se te vale a
companhia,
Stay here, darling
Fica aqui por mais um
dia.

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