terça-feira, 3 de abril de 2012

de como Cravo Valente salvou Rosa Juvenil- poema narrativo infantil




A linda Rosa Juvenil
vivia alegre a cantar
pela manhã, tranças ao ar
ia ao jardim,
ia regar e entre flores requebrar
mas eis que a feiticeira má
muito má, muito má
sentiu tamanha irritação
com toda aquela alegria
e pôs a Rosa para dormir
por anos que nunca chegavam ao fim.

E todo dia ia mal, muito mal, muito mal
faltava o canto a alegrar
gente, bicho, planta e ar

ao seu redor gente a tentar
a doce Rosa despertar
mas ninguém nunca conseguia
pôr fim àquela agonia
foi quando o Cravo Valente
decidiu a feiticeira enfrentar


E por ser ela muito má, muito má, muito má,
Cravo tratou de seu corpo fechar
rezou terço, acendeu vela,
levou benzido o patuá
e a feiticeira foi visitar
e foi disposto a persuadir
a feiticeira muito má
o seu feitiço desmanchar

mas a mata estava enfeitiçada
toda escura e enlameada
Cravo perdeu-se no caminho
ele corria, ele chorava
com a pele toda arranhada
já bem tarde achou a picada
que dava à casa da malvada
quando chegou, tudo vazio
nem vestígio da feiticeira
Cravo pôs pra esquentar a chaleira
e desabou numa cadeira
procurando descansar
pra feiticeira enfrentar


Quando acordou foi grande o susto
a sala estava repleta de vultos
eram quinze bruxas a observar
o frágil Cravo em seu reduto
e as bruxas rindo a mirar
o pobre Cravo a assustar
ele tentou sair, tentou correr
mas não havia o que fazer
as suas mãos foram atadas
por fios de teias empoeiradas
com as gargalhadas que ouviu
sentiu que estava por um fio
elas passaram a girar
as botas batiam sem parar

" Estou com fome, já estou a tremer!
e é este o cravo que irei comer!" gritou a prima da dona do lugar
"Espere! Vamos nos divertir!
ele não tem como fugir
tem na cozinha, deixei lá
enroladinhos a assar
que sua fome vão com certeza aplacar
vá pra cozinha, frágil presa
traga-nos já a bandeja
e que não tente escapar
pois será grande o nosso irar!",
advertiu a bruxa, a gargalhar


Os fios das mãos se desligaram
Cravo foi pra cozinha atordoado
nem conseguia respirar
bem grande era o seu penar
O Cravo viu que não podia
vencer o bando de feiticeiras
e pela porta dos fundos tentou sair
mas os enroladinhos trataram de o impedir
selaram a porta, travaram a saída
e Cravo teve que voltar
pra sala e ver no que ia dar

"Eu avisei, não ousasse tentar
esta cabana abandonar - tornou a anfitriã a falar
não temos tido visitas há anos
é nossa presa, só poderá sair
se for capaz de decifrar
os enigmas que estivemos a bolar
sente-se logo! já vai começar!
são três os nossos desafios
Reze, pois se um deles errar
jamais o iremos libertar!
será nosso servo, nosso escravo
e esquecerá que um dia foi Cravo!

" Os números que nas caveiras faço agora surgir
diga em que ordem devem ir"
58  205  99  65
e agora sabichão, qual será a solução?"

"Se não assunto bem, já vou me enganando - disse o Cravo
mas não sou bobo, já sei seu plano
não é preciso nas caveiras se enxerir!
em ordem alfabética elas devem ir!'

Muito bem, Cravo sabido!
cuidado, não vá se enganar!
o segundo enigma estou na bolar
não se anime que a sorte é matreira
e se ela foge, lá vem asneira
e aí você não tem como escapar
Cuidado! Uma bruxa faminta está a lhe observar!

São quinze bruxas,
quinze a fiar
mas eis à porta
outras vinte a entrar
cinco saíram
foram passear
das que ficaram
dez a cochilar
e destas, três foram caçar
sapos e rãs pra poções preparar
responda rápido, sem pensar
quantas continuaram a fiar?

Cravo matutou, não perdeu tempo
nem bem a feiticeira dizia
os versos a melodia,
em sua cuca os pensamentos corriam

"Eu não sei bem, porém me arrisco
a caminhar no labirinto
tenho pra mim, estou quase certo
que as quinze pararam de fiar
quando as amigas chegaram em seu lar
sei bem que são hospitaleiras
e café coaram pras parceiras
portanto, não há como errar
nenhuma bruxa quis mais fiar

"Seu nome não deveria se Valente

pois possui uma ágil mente
é a primeiras vez que vemos
alguém acertar nossos brilhantes desafios
se acertar o último deles
é justo que o libertemos
e também poderá pedir
o que quiser, nós iremos consentir"

e a bruxa foi dizendo o derradeiro desafio:
"O cubo que imagino em minha mente
possui negras faces, escuros rostinhos
para pintá-los, de quantas cores preciso
se os rostos andam em parzinhos?"

Cravo coçou a cabeça, pensou que estava frito
foi quando lembrou da aula de matemática
por sorte não a havia perdido
são  seis os rostinhos do seu cubo
andam em pares então só pode ser
que cada cor pinte duas faces
então são três, eu tenho pra mim, as cores que o cubo vão colorir!"

"Ora, ora, Cravo Valente
foste um bravo no batente!
vejo bem que tolo não é
então seja breve e diga o que quer!"

"desejo que diga, gentil senhora
o que fazer para acordar
Rosa Juvenil, negra faceira
minha mais cara e meiga amiga
que a senhora deixou adormecida"

"Só isso? Já vou dizer
nada me impede de atender
arrume alguém que valente seja
e que ele a beije na bochecha
Rosa cantando acordará
e todos felizes irão celebrar."

E foi assim que Cravo Valente
descobriu como acordar
a linda Rosa Juvenil
que a todos encantava com o seu girar.

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